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Recentemente deparei-me com esta faixa, produzida pela The Secession Studios, um estúdio de banda sonora para filmes, videojogos e marketing, que me fez ouvir até ao fim, porém, o que mais me cativou foram as descrições de possíveis cenas para as quais esta faixa poderia sonorizar.
Trago-vos um desses comentários (traduzido e adaptado para português) para que possam experimentar. Eis o exercício:
Reproduzam o faixa (incorporada em baixo), leiam com atenção o texto abaixo, concentrem-se e imaginem a cena. Depois partilhem o que sentiram, comentando. Leiam pausadamente tentando acompanhar o ritmo lento da música.
"Imaginem o som de sirenes de ambulância ecoando, pessoas a gritar e a polícia, com os seus megafones apelando à calma e pedindo que se dispersem e retornem a casa, dizendo que não há nada para ver aqui. Mas há!
Uma rapariga segura-se no beirado do telhado dum prédio de 20 andares. O seu namorado, em plena rua, grita por ela, chora, sabendo que ela está prestes a desaparecer.
Com o andar do tempo as mãos dela começam a doer. Os bombeiros, por fim acedem ao telhado mesmo quando ela está pronta a deixar-se ir. Quando chegam ao local, já tinha desaparecido."
Comentário original: "Imagine ambulance sirens in the background and screaming people and cops on their megaphones telling everyone to calm down and go home there's nothing to see here. But there is. A young woman is holding onto the edge of the roof of a 20 story building. Her boyfriend is on the ground below screaming for her and crying because he knows that shes going to die. After hours, her hands start to hurt. The firefighters get to the roof but by then she is about to let go. They reach for her but shes gone."
The Secession | Facebook | Youtube
Acordo com o sentimento de que poderia fazer alguma coisa. É certo que poderia, mas não o fiz e, todos aqueles que como eu não o fazem hão-de chegar a esta mesma conclusão. Acordamos todos com a ideia de não fizemos algo, não fomos além. Não nos excedemos, nada! Que sina a de levantar todos os dias com a única sensação de que andamos a deambular, passo a repetição, rumo ao nada, ao vazio, ao inerte, andamos num passo estacionário que nos desprende da liberdade. Confuso? Não, apenas andamos todos com as ideias soltas, sem amarras e carregadas de vícios.
Um dia disseram-me que devia sair do meio onde estava, que devia procurar novos horizontes e novas oportunidades, que em Tomar, cidade que me viu nascer e crescer, já não oferecia nada e que se quisesse singrar na vida devia rumar a outras paragens. É uma afirmação tentadora, especialmente para quem nunca se tinha visto a extravasar os limites do concelho, a minha zona de conforto e, esta mudança, para mim que sempre estive ligado à cidade que me acompanhou toda a vida, não é algo que se tome de ânimo leve porque quem parte de um sítio onde até as pedras da calçada lhe conhecem a sola do sapato sente sempre uma grande dificuldade em optar pelas ruas que sempre conheceu e aquelas que terá que enfrentar.
Imagem retirada aqui: http://olhares.sapo.pt/lisboa-cinzenta-foto1032049.html