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É um facto, a sociedade lusitana tende a pensar no acessório do momentâneo e, em particular, na Capital, há quem se esqueça de que a maioria da população deste país nem sequer tem um transporte a menos de 3 quilómetros da porta de casa e, no entanto, também paga impostos. Mas isso serão outros quinhentos, serve só para alertar para o drama existencial de o metropolitano parar meia dúzia de horas.
Posto isto, no essencial, a sociedade portuguesa, tende a não olhar para os outros, os outros são autómatos que devem estar prontos a funcionar sob qualquer circunstância. Aos outros tudo é exigido mas a cada um nada se impõe no sentido de terminar com o marasmo económico-financeiro, social e cultural e com a galopante perca do conceito de valores cívicos, éticos, morais e de convivência em sociedade.
Cada um, o individual, está-se nas tintas para os outros desde que, à nossa volta, tudo funcione correctamente, o problema reside no facto de que não há seres humanos sem sociedades, é conditio sine qua non. Não há alternativa, em bem funcionando a engrenagem, todos ficarão contentes e, pelo mesmo prisma, deveria observar-se o inverso, isto é, em bem funcionando mal, todos deveríamos estar tristes. Infelizmente, há quem não consiga chegar a esse estágio. Há quem fique impávido e sereno, uns porque a crise não lhes toca, outros porque se deixam ficar na tormenta, ora aos segundos, a grande maioria deste povo, não tarda que as implicações da tormenta se lhes abatam em cima. Há outros que lutam energicamente para que o seu nível de vida não desça, os ditos mandriões que só sabem prejudicar a vida aos outros, como se os tais outros não lhes prejudicassem a vida ao ficarem estaticamente quietos e hermeticamente calados, sob a única forma de protesto que, efectivamente, é sentida por todos.
Então, que dizem as estátuas-vivas deste navio a naufragar? Lançam farpas, toureiam-nos até dizer mais não, nunca entendi este povo, é como se, de repente, alguns touros se opusessem às investidas dos seus congéneres de raça esquecendo que eles, mansos, se deixam tourear.
Então, o Sr. Simples, português não de muita gema, toca a rufar impropérios aos ditos mandriões. "Não querem trabalhar...", "Deixam trabalhar quem quer...", de entre outras pérolas, como se eles próprios fossem aceitar o dito labor por meia pataca. Que grandes defensores de si próprios, alçai o rabo e deixai que a vergasta vos atinja em nome da santa ordem pública.
Num futuro muito perto partir-se-ão braços a quem tenha dois porque há quem só tenha um. Neste país a nivelar por baixo até as escalas dos níveis já vêm em negativo.
O típico, o corriqueiro, padece duma longa agonia existencial, é incapaz de ver que há quem defenda a sua vida porque não teve a mesma audácia, sempre a eterna ganância pela galinha do vizinho, mas sem mexer uma palha para criar alguma.
A Sociedade portuguesa tornou-se egoísta, egocêntrica e nada altruísta, com inveja de quem tem a audácia de remar contra a maré, falta-lhes coragem e isso revelou-se fatal, aliás, o fatalismo de nada fazer tornou-nos mais pobres e os mandriões, se calhar, têm mais algum porque foram tudo menos mandriões, não se renderam nem se venderam.
A Greve faz mossa, é chata e prejudica, é normal, se assim não fosse não serviria para nada. Já alguém sentiu dor que não doa?
É como nosso corpo, a dor irrita e chateia, mas é o sinal de que há algo que não vai bem, se nada doesse. ninguém se preocupava.
Há quem tente curar a ferida e há também a anestesia aplaudida pelo agressor que assim se instala cada vez mais.
A propósito de Greve, alguém já foi à Administração do Metropolitano queixar-se? Não, ou é porque não há mandriões na Administração ou porque a corda rebenta pelo lado mais fraco, e uma vez mais, a inércia e a falta de coragem leva muito gente a "lutar" contra os seus pares.
Que ninguém se admire porque razão Portugal foi sempre pequenino.
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