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"À porta daquela igreja Vai um grande corrupio Às voltas duma coisa velha, Reina grande confusão, Os putos já fogem dela Deitam fogo a rebentar, Soltaram um vaca em chamas Com um homem a guiar." - In: Madredeus: A Vaca De Fogo
"À porta daquela igreja Vive o ser tradicional", o nosso país é fértil em tradições, lendas, histórias, figuras, locais especiais e tudo o mais que irradiam ao mesmo tempo, fascínio e temor, alegria e respeito, uma viagem pelo Portugal profundo, desenterrando todo um passado em que a vida seguia ritualizada, mistificada e onde o tempo e o espaço se fundem com a concepção do divino e do secular, pode-nos levar por locais cheios de tradições ansiosas por se revelarem, talvez com a mágoa de não mais incutir nas pessoas o efeito dissuasor do prazer da descoberta, porque enfim, as lendas dos nossos antepassados simbolizavam um terra marcadamente vincada entre as classes, os usos e costumes, a obediência temente a Deus e ao sagrado e o ainda mais ancestral paganismo.
Um elemento centralizador é o fogo, o fogo purifica e devolve a esperança ao renascimento das cinzas, deste modo se compreende toda a proliferação de alusões ao fogo como elemento místico que combina, o fim e o início, isto é, o ciclo, tão importante nas nossas vidas.
 
Sempre fomos um pouco ligado às origens, ainda assim, tivemos a façanha de nos lançarmos no mar, chegando a todos os continentes habitados e, assim mesmo, um povo que se foi forjando em séculos de multiculturalismo tem necessariamente a habilidade de preservar o passado com os lhos postos no futuro.
 
Também não será alheio que as ligações ao mundo oculto e ao medo da desordem, nos levaram por vezes, ao obscurantismo, casos da Inquisição ou mesmo do Estado Novo, mas também nos conferiram uma abordagem assaz mais colorida ao amplamente cinzento espectro da perspectiva da maioria das nações do Velho Continente.
 
A nossa história para ser bem compreendida, tem que ser aprendida com recurso às Vacas-de-fogo, Chocalheiros e todo o riquíssimo folclore nacional, aliando-o à tenacidade dum povo habituado às agruras do Atlântico, às provações de se encontrar entalado entre o mar e Espanha, tenho um cultura bem diferente a sul, por vezes à mercê das políticas dos nossos vizinhos da União.
 
Portugal tem na sua bagagem toda a sabedoria que necessita para caminhar por si próprio, só nos falta ver que a Vaca-de-fogo, não é só um sinal do fim e da condenação, é, antes de mais, sinal dum recomeço, duma vontade de mudar o ciclo.
 
É por isso que tenho orgulho em ser português!
 

Foto aqui: http://www.fotocommunity.es/pc/pc/display/24051046

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