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Venho contar um episódio que ocorreu hoje, aliás nem sei se deva, já vão perceber porquê, mas tenho que o fazer, algo como este pequeno momento não pode ficar perdido e encerrado, confinado quiçá ao tempo e ao espaço onde ocorreu. Pode até ser uma lição de vida.

 

Era um rapaz, normal e igual a tantos outros, minto, naquela hora não era bem igual,apresentava um semblante carregado e uns olhos tristes, à primeira vista parecia uma pessoa como qualquer outra que àquela hora passam pelos portões do metro de São Sebastião, parecia sim, mas via-se nele um misto de tristeza ou talvez desilusão. Aquele ar de quem não sabe bem para onde vai estava estampado no rosto e na forma como olhava a avenida, saberá ele onde está? De certa maneira, olhou para os prédios, olhou para a calçada e, como se de repente o tempo lhe ficasse escasso arrancou, destino: O Jardim da Gulbenkian.

 

Que vem alguém, que parece tão perdido, fazer ao Jardim da Gulbenkian? Entrou e percorreu vagarosamente os trilhos, por entre as árvores e o ribeiro, não era a primeira vez que ali entrava, olhou e contemplou lugares, parecia perdido, mas quem o visse, olhar triste, andar pesaroso, contemplação saudosa, via que não estava perdido por fora, estava perdido por dentro.

 

E ele lembrava-se de tudo o que ali, naqueles mesmos bancos, naquele mesmo jardim, havia passado, e memória prega-nos grandes partidas, lembram-se as coisas duma maneira atroz, esquecem-se momentos que só pisando o mesmo lugar de novo, vêem em avalanche, esse rapaz de ar calmo, estava em convulsão por dentro.

 

Esse rapaz andava livremente pelo jardim, mas estava preso, estava preso às memórias do jardim, e na sua mente percorreram-lhe as imagens dos passeios, dos abraços, dos beijos, percorreu-lhe tudo aquilo que hoje já não tem. Percorreu-lhe a imagem da sua mão a passar no rosto suave e delicado de uma moça e essa imagem foi certamente a que mais lhe custou relembrar.

 

Talvez fosse esta a sua última vez neste jardim, ou talvez faça desta visita rotina diária, mas a única verdade é que o bonito jardim se lhe tornou num Jardim Proibido.

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