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"Meu bem, eis-me aqui, de caneta na mão enfrentando o papel que há-de aconchegar as palavras que saltam do meu coração, o sentimento da alma (...)."
Não há nada mais imprevisível nem mais inesperado do que, no virar da página de um segundo, a vida nos pregar uma viragem e, é preciso tão pouco, basta um olhar, basta um momento, basta um capricho do destino e, nós que por cá andamos sem rumo feito de repente somos confrontados com um rígido sentido existencial.
"Se calhar não deveria ter acontecido, aquele dia em que te vi pela priemeira vez, ou é o destino que quis fazer troça de mim e me castigar a amar sem ser amado ou talvez o que aconteceu, aconteceu porque tinha que acontecer, um mero acaso na vida que nos transforma por completo (...)"
Escrevemos linhas que hoje quando nos damos conta, pensamos, não fui eu que escrevi, essas linhas que hoje parecem sem sentido, são a História da nossa vida, é inutil dizer que nunca aconteceu, todos nós já tivemos essa experiência e quem não teve, há-de-la ter com certeza, uns mais e outros menos. Aquele momento em que as dúvidas são tão grandes que nos ultrapassam por completo, que nos atormentam, e as repostas de cada uma nem sempre são as mesmas, os caminhos que cada pessoa trilha reservam-lhe viagens à medida do esforço para os trilhar. Tristes daqueles que escolhem os atalhos, raríssimas vezes chegarão a bom porto, eu escolhi o caminho mais longo, durou muito tempo, tanto tempo que as perguntas ganharam pó e os pontos de interrogação ganharam ferrugem.
Não tenho fórmula para descrever o caminho da epopeia da nossa vida, apenas sei o óbvio, perseguir o que se quer, dar e receber em troca, perguntarmo-nos o que queremos para vida e, ainda hoje, uma névoa meio densa me cruza o horizonte do futuro, isso obriga-me a dar um passo de cada vez. Mas cada passo é uma escolha, um sem fim de portas e opções, escadas e condições, mas há uma porta que me abriu a esperança, abri-a quando "te vi pela primeira vez" e, das muitas portas que abri, não houve porta que me desse maior vontade e alegria de transpor do que aquela que me levou até ti.
Sem medos, sem demoras e delongas, caminhei, não sem antes ter chorado, ter-me questionado, ter duvidado do caminho que escolhi e, hoje estou aqui e, precisamente por não ter desistido, me é tão estranho ler que " é o destino que quis fazer troça de mim e me castigar a amar sem ser amado" e, por isso, são ditosas palavras que já não me dizem nada.